Como implementar o manejo de pragas na fase inicial da cultura

por | out 8, 2020 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Técnicas de monitoramento das lavouras aliado ao uso de inseticidas na dessecação e tratamento de sementes auxiliam o manejo das pragas

Como implementar o manejo de pragas na fase inicial da cultura

por Germison Vital Tomquelsku - Pesquisador Fundação Chapadão | Episódio 17

Principais Destaques

 

  • Como e por que realizar o monitoramento das lavouras?

  • Principais pragas no desenvolvimento inicial da cultura

  • Uso de inseticidas na dessecação

  • A importância do tratamento de sementes no manejo de pragas

  • Qual o residual mais indicado para o manejo de pragas na cultura da soja?

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De acordo com os dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Perspectivas para a Agropecuária – Volume 8 – Edição Grãos, a safra brasileira de grãos 2020/2021 está estimada em 278,8 milhões de toneladas. Ou seja, crescimento de 8% comparação com o ciclo anterior.

Em alguns Estados como Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul o plantio já começou, em outras regiões, os agricultores ainda aguardam a chegada das chuvas para iniciar os trabalhos no campo.

Durante este período que antecede a semeadura os agricultores podem realizar algumas práticas que auxiliam o manejo de pragas, evitando danos no desenvolvimento inicial da cultura. Entre as ações, destaca-se o uso de inseticidas na dessecação e o tratamento de sementes, além do monitoramento constante das lavouras para verificar a existência de populações de insetos.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o Pesquisador da Fundação Chapadão, Germison Vital Tomquelski, sobre o tema.

Como e por que realizar o monitoramento das lavouras?

“Muitas pragas estão presentes na palhada das culturas de cobertura ou até mesmo nas plantas daninhas. Com o advento da tecnologia RR diversas plantas daninhas resistentes ao glifosato apareceram, favorecendo a multiplicação de algumas pragas, tais como lagartas e percevejos. Portanto, o monitoramento pode ajudar o produtor a evitar prejuízos na fase inicial da cultura, como destruição de estande”.

“Esse monitoramento pode também auxiliar o agricultor no planejamento estratégico do manejo de pragas. Um exemplo é ter em mãos o histórico da área para alternar mecanismos de ação”.

“Esse monitoramento precisa ser prático, porém, ele deve gerar informações fidedignas e que auxiliem o produtor rural a elaborar uma estratégia de manejo”.

“Aquele agricultor que ainda não utiliza essas ferramentas pode fazer a amostragem caminhando pelos talhões. Recomenda-se a amostragem de um ponto a cada dez hectares, porém, em algumas áreas que apresentam a presença de uma determinada população de insetos recomendamos a realização da amostragem sequencial”.

“Mesmo que o agricultor não encontre nenhuma praga nos levantamentos iniciais, recomendamos que ele siga realizando essas amostragens. A amostragem deve ser realizada da seguinte maneira: 1-) definir o ponto de amostragem, 2-) dividir a área em quadrados de 0,5m x 0,5m e  3-) realizar a contagem das pragas na palhada ou nas plantas daninhas”.

Principais pragas no desenvolvimento inicial da cultura

“Na cultura da soja a principal praga ainda é a lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), porém, ao longo dos anos, nota-se o aumento de outras lagartas como as do gênero Spodoptera, o que obrigou o agricultor a intensificar o monitoramento na palhada”.

“Na região sul do país temos a diminuição de algumas pragas que antes eram muito importantes como no caso dos corós (Liogenys sp). Entretanto, uma mudança de comportamento encontrada é o aumento da presença de percevejos (Dhichelops), que podem causar danos as culturas da soja, milho”.

“Já na cultura do algodão as principais pragas são o tripes (Frankliniella schultzei),  pulgão (Aphis gossypii) e a mosca-branca (Bemisia tabacia). No milho, uma praga que tem se tornado muito importante na cultura é a cigarrinha (Dalbulus maidis)”.

Uso de inseticidas no período de dessecação

“Algumas pragas como as lagartas do gênero Spodoptera podem consumir até quatro plantas no estande da cultura. Se no milho, geralmente, nós temos 2,3 até 3 plantas por metro no espaçamento de 0,45 metros, então se uma lavoura tiver uma lagarta por metro quadrado o dano pode ser enorme”.

“O uso de inseticidas no período de dessecação é muito importante para controle pragas agressivas, como as lagartas do gênero Spodoptera. Quando o agricultor perde uma planta ele perde uma unidade produtiva, portanto, o manejo na fase inicial do plantio ou no pré-plantio é uma ação de controle muito importante”.

“Percebemos que o uso de carbamatos e diamidas tem apresentando bom desempenho das diversas lagartas”.

A importância do tratamento de sementes no manejo de pragas

“O tratamento de sementes é uma ferramenta que, quando bem planejada e dentro do histórico e do monitoramento da área, ajuda o manejo de pragas que atacam a cultura no início do cultivo e ao longo do desenvolvimento da planta”.

“O tratamento de sementes oferece uma proteção às lavouras por um período de tempo maior em relação a aplicação, as vezes até 10, 15 até 20 dias. O tratamento de sementes auxilia o manejo da lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus) e o uso de neonicotinóide pode ajudar também no controle de percevejos”.

Qual o residual mais indicado para o manejo de pragas na cultura da soja?

“No Brasil central as condições climáticas não estão favorecendo a semeadura e essa falta d`água pode prejudicar o tempo do período residual. Além disso, há também uma diferença entre as moléculas no mercado. Alguns possuem uma solubilidade maior e, mesmo diante de uma condição de stress hídrico, apresentam um funcionamento superior em comparação com os demais”.

“O tempo do residual vai depender das condições climáticas, do produto e da praga. Algumas moléculas como o fipronil, apresentam um bom desempenho no controle da lagarta-eslamo (Elasmopalpus lignosellus) aliado as biotecnologias, poderia chegar aos 20 dias de controle pode reduzir para 10 dias devido as condições climáticas”.

“É importante que o produtor faça um investimento um pouco maior nos primeiros talhões semeados para alcançar maior eficiência no manejo de pragas”.