Confira no primeiro episódio do podcast Fala, Agro! os impactos do coronavírus no mercado de grãos
Impacto do coronavírus no mercado de grãos
O avanço do novo Coronavírus em todo o território brasileiro tem impactado diversos setores da economia, entre eles o agronegócio. Mesmo assim, o setor segue produzindo para garantir o abastecimento interno e também de mercados mundiais.
Esse novo cenário tem gerado muitos desafios para a cadeia produtiva, mas também algumas oportunidades.Veja abaixo os principais trechos da entrevista com o Dr. Marcos Fava Neves sobre o tema.
Safra brasileira de grãos
De acordo com o último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em março deste anos, mostra que a safra brasileira de grãos 2019/2020 alcançará um novo recorde de 251,9 milhões de toneladas.
A soja, principal commodity do agronegócio naciona, também terá produção inédita de 122,2 milhões de toneldas, volume 4,4% superior ao registrado no ciclo passado. O rendimento médio das lavouras foi de 3.200 quilos por hectare (cerca de 56 sacas).
O único Estado que não tem motivos para festeja é o Rio Grande do Sul que, devido a estiagem enfrentada nos meses de janeiro e fevereiro, terá queda na produção da oleaginosa.
Para a cultura do milho a entidade estima produção total superior a 100 milhões de toneldas em uma área de 17,9 milhões de hectares. O rendimento médio projetado para as lavouras é de 5.593 quilos por hectare.
Para o especialista em planejamento estratégico do agronegócio, Marcos Fava Neves, o resultado deve ser comemorado “Diante desse cenário de crise econômica e de saúde que estamos enfrentando é importante ter esse volume para garantir renda no campo e o abastecimento interno da população” afirma o professor da FGV e da USP/SP.
Volume recorde de vendas antecipadas da soja
De acordo com algumas consultorias especializadas em agronegócio, os produtores brasileiros já comercializaram cerca de 20% da produção nacional de soja, volume recorde para o período atual.
Segundo Marcos Fava, existem dois fatores que tem motivado esse fenômeno, sendo um deles cultural e outro conjuntural. “Acredito que muitos agricultores estáo criando o hábito de garantir a renda ou pelo menos os custos da atividade com uma parte da produção, ou seja, isso é uma cultura de segurança. Estamos no auge de uma crise e eu não acredito que o real permaneça desvalorizado por muito tempo, então eu acho que agora é sim um bom momento para o agricultor realizar uma parte das vendas da sua produção” aconselha o professor.
O professor ainda lembra que há alguns fatores ligados aos Estados Unidos que podem prejudicar o preço do produto no mercado externo “Os Estados Unidos vão decidir agora sobre o plantio da mega safra e eles não esão escoando milho para etanol em função da queda drástica no consumo de combustíveis, lembrando que 10% do consumo de etanol nos Estados Unidos vem do milho, como o consumo caiu, as fábricas estão fechando. Esse milho corre risco de ir para o mercado, acarretando na decisão de maior plantio de soja”.