O manejo de plantas daninhas em épocas seca e semisseca

por | maio 13, 2020 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Caracterísitcas físico-química dos herbicidas utilizados são essenciais na busca pela alta performance

Manejo de plantas daninhas na cana-de-açúcar

por Weber Valério | Episódio 04

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Quando se ouve falar das particularidades da agricultura brasileira, logo se pensa nos benefícios que um país tropical e com dimensões continentais têm. De fato, quando bem explorada, as particularidades trazem ganhos de performance e produtividade. Mas, para alcançar os resultados esperados, é preciso saber manejá-las.

Foi o que nos contou o consultor em cana-de-açúcar Weber Valério, que possui vasta experiência na cultura. No Centro-Sul, principal região produtora do país, a partir de maio as chuvas ficam escassas e período seco e semi-seco chega, exigindo do produtor boas estratégias para o manejo de plantas daninhas de difícil controle.

Nesse bate-papo, ele fala sobre as principais plantas daninhas a serem combatidas, quais as moléculas mais recomendadas e suas características, o que considerar ao montar a estratégia de manejo, dentre outros pontos.

Confira a entrevista, que teve como destaques:

Desafios

“Normalmente, nesta época as precipitações (chuvas) são baixas e insuficientes para que haja a liberação e transposição da palha pelos herbicidas. Visando minimizar os riscos de performance, recomendamos o uso de produtos com características apropriadas a baixa pluviosidade, com chuvas que não ultrapassam 20mm. Sabemos que a maioria dos produtos, nessa época, precisamos de pelo menos 30mm para que sejam liberados e transpostos da camada”.

Elementos para definir a estratégia ideal

“É preciso ter o domínio pleno sobre a flora presente no canavial. Quais são as plantas daninhas existentes? Qual a pressão de infestação na área? Além disso, outro ponto importante é prestar atenção no estagio da cultura”.

“Recomendamos atuar com brotação zero, ou seja, pré-emergência total da cultura. Isso dará flexibilidade para se trabalhar com uma amplitude maior de moléculas”.

“Também, a busca por herbicidas com boa dinâmica sob a palha, isso é muito importante. Temos praticamente 30 moléculas registradas para cana, quando vamos para essa época, trabalhando sob o período de restrição de umidade, esse número se restringe muito”.

Quais as principais plantas daninhas na seca?

“Com o fim da queima da cana e a colheita da cana crua, surgiram espécies oriundas de sementes grandes e que são rapidamente disseminadas. Considero que, para os próximos anos, o capim-camalote será a mais difícil de se controlar pela velocidade de disseminação.

Hoje, temos a mamona e a mucuna, que já são difíceis de controlar. Não podemos esquecer que algumas plantas daninhas, que chamávamos de convencionais e que a palha exercia um efeito de supressão importante, como o capim-colonião e a brachiaria brizantha, duas espécies que estão no campo e se adaptando à palha. Vou um pouco mais longe: já é possível observar que as digitalis estão se adaptando nesse ambiente.Então, temos que trabalhar em estratégias que combatam, também, essas gramíneas.

Acho que para ultrapassar esse período, onde os desafios são muito grandes, acho que a base da pirâmide, o item mais importante para definição de qual estratégia, qual tratamento temos que trabalhar, é o domínio pleno sobre a flora”.

Quais moléculas são recomendadas?

“Temos o sulfentrazone e o clomazone, duas moléculas que as empresas estão avançando muito na formulação, tendo algumas já microencapsuladas, protegidas, o que permite a redução de perdas durante e após a aplicação.

Além deles, temos o amicarbazone e tebutiurom, além de algumas outras associações que estão surgindo, como amicarbazone + hexazinona + diuron.

A Ourofino mesmo conta com o VelparK, uma associação pronta de hexazinona + diuron. É preciso pensar em residual longo e boa dinâmica sob a palha, assim, as perdas por retenção e fotodecomposição são reduzidas.

Temos que diferenciar o que é uma aplicação sequencial do antigo e famigerado “repasse”. A aplicação sequencial é planejada, programada, tem que estar inserida no orçamento.

Isso quer dizer que eu sei que ela vai ocorrer. Meu canavial está num estagio avançado, tem falhas no canavial não vai fechar o suficiente. O residual de herbicida vai terminar e fatalmente vou ter que fazer uma sequencial”.