Análise da safra brasileira de soja 2019/2020 e tendência de mercado

por | jun 5, 2020 | Canal Digital, Destaques, Perfil | 0 Comentários

Safra brasileira de soja registra produção recorde e área cultiva ultrapassada 36 milhões de hectares

  • Principais resultados da safra brasileira de soja 2019/2020;

  • Mudanças no segmento de inseticidas;

  • Mudanças no manejo de fungicidas;

  • Perfil do sojicultor brasileiro;

  • Impacto da disputa comercial entre China e Estados Unidos no mercado brasileiro.

A produção da safra brasileira de soja 2019/2020 ultrapassou a marca de 120 milhões de toneladas. A área de cultivo do grão foi de mais de 36 milhões de hectares.

Conversamos com o Diretor de Pesquisa do Grupo kleffmann, Leonardo Antolini, para fazer um balanço da temporada e analisar os desafios e oportunidades no mercado ao longo dos próximos meses.

Veja abaixo os destaques da entrevista.

Os números da safra brasileira de soja 2019/2020

 “A área totalde cultivo de soja foi de 36,8 milhões de hectares, uma produção quase 5% acima do ano passado, com algumas consultorias projetando até 122 milhões de toneladas”.

 “Vários estados atingiram produtividade recorde, como Paraná, Goiás, São Paulo, Tocantins e Maranhão, que são grandes regiões produtoras. O impacto negativo na produtividade foi o Rio Grande do Sul, com perdas de produção devido a necessidade de replantio em várias áreas”.

 “Observamos que a área de soja continua em expansão o cultivo do grão continua muito forte em todo o território nacional. Algumas projeções indicam que o país pode atingir 40 milhões de hectares em 2024/2025. Ou seja, nos próximos anos a soja vai ganhar ainda mais destaque no agronegócio nacional”.

Mudanças no manejo no segmento de inseticidas

 “O seguimento de inseticidas foi um dos que mais apresentaram alterações. No mercado de percevejos e sugadores em geral, tivemos aumento de produtos a base de neonicotinóides  e piretroides. Com relação aos produtos de choque, tivemos maior penetração de acefatos, algumas tecnologias ficaram mais caros, com níveis de preços equiparados aos produtos misturados com neonicotinóides  e piretroides”.

 “Já no mercado de lagartas, observamos uma diminuição de produtos a base de diamidas, fisiológicos e Knock down por algumas soluções mais caras como benzoato e produtos mais premium. Isso ocorreu em decorrência do aumento das tecnologias BT + RR que facilitam a vida do agricultor em relação a esses tratamentos”.

 “A Spodoptera frugiperda segue sendo a principal praga no complexo de lagartas, ou seja, com maior nível de dificuldade de controle”.

Mudanças no manejo no segmento de Fungicidas

 “No mercado de fungicidas a principal doença segue sendo a ferrugem asiática, mas as grandes mudanças vieram de dois novos alvos; a mancha-alvo e o mofo-branco”.

“A mancha-alvo cresceu sobretudo no Mato Grosso, esse foco é sazonal e está ligado ao clima da região. Nos estados do cerrado e do MAPITOBA temos uma alteração da importância da ferrugem e manchas em geral. Tradicionalmente, o agricultor realizar a aplicação de fungicida direcionado para ferrugem, porém, hoje em dia essas doenças se tornaram a primeira opção para escolha de produtos”.

“Essa mudança abre mais espaço para produtos a base de carboxamida e multissítios, como mancozebe ou clorotalonil. Observamos também um aumento de multissítios com carboxamida nas aplicações de fungicidas. Isso é muito interessante porque mostra que o produtor está compreendendo a importância de ter o multissítio nesse manejo, porque isso gera o manejo de resistência de ferrugem principalmente e, juntamente com moléculas mais novas, você tem uma proteção por mais tempo”.

O perfil do sojicultor brasileiro

 “A maior parte da área de soja no Brasil está nas mãos de pessoas de 30 a 50 anos. Regiões bastante tradicionais, com pessoas de 50 anos ou mais, estão passando pelo processo de sucessão familiar. Produtores com até 30 anos já estão assumindo os negócios e mesmo quem não está a frente do negócio como jovem produtor já palpita e influência na tomada de decisão”.

“Observamos a presença da internet como fonte de informação, proporcionando os dados de indicação prévia do produto. Hoje em dia o agricultor está muito bem informado, ele acessa a internet praticamente todo o dia e existem grupos de produtores para que propicia a troca de experiências”.

“Os dias de campo são muito relevantes para trocar informações com esses agricultores. Porém, observamos que existe um crescimento das mídias digitais e canais de multiplataformas que são consultados pelos agricultores para a tomada de decisão”.

Impacto da disputa comercial entre China e Estados Unidos no mercado brasileiro de soja

 “A paralização no dia 01/06 de alguns produtos agrícolas norte-americanos pela China, incluindo a soja, é uma boa oportunidade para o Brasil fornecer essa soja para os chineses.  Entretanto, isso pode derrubar o preço da soja na bolsa de Chicago e a soja é um mercado totalmente orientado pelas cotações em Chicago”.