Safra 2022/2023: confira as expectativas para o ciclo de grãos

por | nov 6, 2022 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Ícone do player Spotify do podcast Fala, Agro

Spotify

Ouça o podcast fala agro no player toneIn

TuneIn

Ouça o podcast fala agro na player do deezer

Deezer

Ouça o podcast fala agro no podbean

Podbean

Ouça o podcast fala agro no player da apple

Apple

Ouça o podcast fala agro no player da apple

Castbox

A safra 2022/2023 de grãos está se iniciando em todo o Brasil.  De um lado, estão as perspectivas dos órgãos oficiais, que indicam um novo recorde na safra, acima de 300 milhões de toneladas. De outro, estão os preços, que contribuem para uma das safras mais caras da história.

Assim como na safra 2021/2022, convidamos para o Fala, Agro!, Marcos Fava Neves, professor dos cursos de administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP). O especialista faz o acompanhamento mensal das safras, levando informação de qualidade ao setor.

Expectativas para a safra: é possível atingir esse novo recorde?

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou, inicialmente, a safra 2022/2023 em 308 milhões de toneladas. Porém, com o avanço do plantio dos grãos, a previsão foi revisada, chegando a 312 mi no primeiro levantamento da nova safra.

De acordo com o professor Marcos Fava Neves, as chances da safra brasileira chegar  a este patamar são altas. “Temos regiões com chuvas acima da média e outras com seca, o que atrasa o plantio, mas as expectativas estão dentro do esperado”.

Neste sentido, o clima será um dos fatores de decisão. Para o especialista, em um clima totalmente favorável, podemos esperar inclusive uma superação da expectativa, chegando até 315 milhões de toneladas.

Por outro lado, caso a safra seja impactada pelos desafios climáticos, o professor acredita que os grãos podem ser impactados, chegando à casa de 290 milhões de toneladas.

“Se comparado com a  safra 2019/2020, estamos com 12 milhões de hectares a mais para produção. É incrível este desenvolvimento e temos condições de atingirmos este número”, complementa Marcos Fava.

Safra 2022/2023: expectativas para o novo ciclo - cultura de soja

Soja: explicações para o recorde da safra

A principal cultura do país também será a responsável pelo aumento na produção. De acordo com a Conab, devemos chegar a 152 mi de toneladas na cultura da soja.

O crescimento  representa 21% se comparado à safra anterior, que encerrou em 125,6 mi de toneladas.

De acordo com Marcos Fava Neves, são dois os principais motivos do aumento: (I) área maior e (II) a recuperação dos desafios climáticos enfrentados na safra anterior.

A área, de fato, aumentou. A expectativa do órgão é de que o grão seja cultivado em cerca de 42,9 mil hectares. Este número representa um aumento de 3,4% em relação à safra passada.

Sobre os problemas climáticos enfrentados na safra anterior, Marcos Fava comenta que o fenômeno La Niña foi o grande responsável. “Temos a previsão de não ter a perda que tivemos na última safra no Paraná, Santa Catarina e sul do Mato Grosso do Sul.”

Além disso, o professor complementa que os tratos culturais também devem ser mantidos em todo o ciclo. “A adubação correta e o uso adequado dos produtos químicos também deve contribuir para a produtividade.”

Já em relação ao cenário internacional, o professor comenta sobre os desafios no escoamento dos grãos nos Estados Unidos. Com este desafio, muitos produtores no país norte-americano estão atrasando a colheita. “O nível do rio Mississipi está muito baixo, reduzindo a velocidade das barcaças.”

Safra 2022/2023 para o milho

Outro importante indicador para a safra 2022/2023 no Brasil é o milho. Como sabemos, somos capazes de produzir até três safras por ano.

No primeiro levantamento para o ciclo em questão, a Companhia Nacional de Abastecimento prevê chegarmos a 126 mi de toneladas, se somados as três safras.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos em outubro, a produção de milho dos Estados Unidos deve chegar a 352,9 mi de toneladas. Já a chinesa, o mesmo órgão aponta a produção em 274 milhões de toneladas.

Neste cenário, Marcos Fava considera difícil o avanço no ranking mundial. Isso porque estamos mantendo a diferença de mais de 100 mi de toneladas do segundo colocado.

Por outro lado, o professor acredita que seremos líder em exportação do grão. “Falta pouco para alcançamos os Estados Unidos. Estamos exportando muito milho e as expectativas aumentaram com o acordo de exportação de milho para a China.”

Safra 2022/2023: expectativas para o novo ciclo - cultura do milho

Além disso, o grão é muito versátil. Fava comenta que o milho pode se tornar ração, que alimentará o gado, para consumo interno e também para exportação. Inclusive, outra modalidade que tem se tornado cada vez mais comum no Brasil é a produção do etanol derivado do grão.

Para os preços do grão, o especialista comenta que a expectativa é de manutenção e até um possível aumento e, ainda, traz sua perspectiva sobre a oferta: “minha visão é que precisamos aumentar a oferta de milho, pois quando os custos de produção diminuírem, os preços de venda também diminuirão, possibilitando a produção de leites, carne e também do etanol de milho.”

“Precisamos de mais eficiência, diminuir os custos de produção e gerar mais oferta para os setores que utilizam o milho como insumo”, complementa Marcos Fava.

Custos de produção para a safra 2022/2023

A safra 2022/2023 é considerada uma das mais caras para se produzir. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), no estado, os custos de produção aumentaram 26,6% em relação à safra passada.

E o cenário de aumento não ocorre apenas no MS, mas no Brasil todo. De acordo com o professor Marcos Fava, o aumento dos custos é reflexo do cenário econômico mundial.

“Na questão dos insumos, tivemos um aumento considerável nos fertilizantes, tendo em vista os conflitos internacionais e a insegurança do mercado em ficar desabastecido.”

Com a compra acima da média no início do ano, os estoques de fertilizantes estão com ocupação máxima. Dessa forma, o especialista avalia que ao longo desta safra e, para a produção de cana, os fertilizantes devem diminuir os preços para escoar todo o estoque.

“Mesmo com os riscos de a Europa diminuir a produção de fertilizantes nitrogenados, acredito que teremos produtos para o produtor possa ter produtos a preços mais baixos para o ano que vem”, complementa o professor.

Outra perspectiva de diminuição nos valores também é esperada pelo especialista para os defensivos e o transporte.

Além destes pontos, Marcos Fava traz um ponto interessante: o aumento nos custos da terra para produzir. Comumente utilizado no setor, o arrendamento se valorizou. “O arrendamento também precisa cair para o próximo ano”, complementa.

“O produtor está entrando na safra mais perigosa, na minha opinião. Ele inicia com um custo extremamente alto e pode vender com um preço mais baixo”, complementa o professor.

Cenário internacional para a nova safra

No início deste ano, o mundo assistiu ao início do conflito entre Rússia e Ucrânia. Atualmente, mesmo com os desdobramentos, o mercado aprendeu a conviver com este desafio.

O professor comenta que a Europa, grande dependente da região leste do continente para energia, vive um momento de grande tensão. Dessa forma, o professor vê um cenário positivo para o Brasil.

“O Brasil é grande produtor de energia renovável, com etanol, bioetanol, biodiesel, bioenergia. Ou seja, uma série de fontes de produção de energia”, complementa o professor.

A expectativa do professor é positiva. Segundo ele, a torcida é para que o conflito não escale para outras dimensões, contribuindo para novos desafios ao longo da safra que está iniciando.

Marcos_Fava_Neves_podcast_Ep_41

Recado do especialista

O professor finaliza este episódio do podcast com um retrospecto sobre o mercado. Ele está há mais de 30 anos e conviveu com diversos cenários no setor e viu sua evolução.

“Vi o Brasil passar de importador de alimentos para exportador. Este ano, pretendemos chegar a 140 bilhões de dólares em exportação. Se multiplicarmos com o câmbio atual, são milhões de reais entrando no Brasil por minuto.”

Marcos ressalta, ainda, que o agro brasileiro segue tendo recordes sucessivos num mercado internacional cada vez mais conturbado.

“O jogo está cada vez mais acirrado. Devemos ter eficiência, contar com startups, tecnologias e gestão para termos margens para continuar nosso crescimento”, finaliza o professor Marcos Fava Neves.

Ficou interessado? Quer saber mais?

Manejo antecipado: como realizar?

Manejo antecipado: como realizar?

O manejo antecipado ou manejo outonal é uma das principais alternativas para o controle de plantas daninhas entressafra, principalmente no Cerrado. Saiba mais.