Mancha-de-phoma no cafeeiro: o que é e como tratar?

por | jul 12, 2022 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

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A mancha-de-phoma é uma das principais doenças da cultura do café. Se não tratada corretamente, os danos podem ser expressivos e ocasionar perdas de até 60%.

Neste episódio do Fala, Agro! batemos um papo com Eduardo Mosca, engenheiro agrônomo e consultor da C3 Consultoria e Pesquisa.

Durante a entrevista, você saberá quais são as principais espécies dos fungos causadores da mancha-de-phoma, os sintomas e orientações para o tratamento correto.

Mancha-de-phoma: quais as principais espécies?

Há mais de 2000 espécies catalogadas de fungos causadores da mancha-de-phoma. As duas principais são a Phoma costaricencis e a Phoma tarda. Porém, é comum utilizar a nomenclatura Phoma spp, que contempla todas as espécies do fungo causador da doença.

“Se fizermos uma análise laboratorial para esses fungos, nós identificaremos muitas espécies”, complementa Mosca.

Além disso, o especialista comenta que muitos pesquisadores já identificaram que os fungos causadores da mancha-de-phoma são os mesmos causadores da Ascochyta. Hoje, complementa Mosca, é mais comum falar-se do complexo Mancha/Antracnose, que são fungos distintos, mas que podem causar sintomas ao mesmo tempo.

Quando e onde encontrar a phoma no cafeeiro?

De acordo com o consultor, a doença pode ser vista durante todo o ciclo da planta. “Ela causa problemas desde a época de viveiro até a fase de produção do café.”

Inclusive, nas plantas de produção, o fungo da mancha-de-phoma pode atacar todos os locais do cafeeiro. “A doença pode estar presente nas folhas, frutos e ramos”, complementa Eduardo Mosca.

Além disso, ele comenta que o momento mais crítico, onde os danos podem ser mais acentuados, é na época da florada. Inclusive, caso a doença atinja a roseta da planta, a produtividade pode ser zerada no local.

Planta de café saudável sem mancha-de-phoma

Sintomas da mancha-de-phoma

Folhas: os fungos causadores da mancha-de-phoma geralmente podem atacar as folhas mais novas. Os sintomas podem ser identificados pelas manchas escuras irregulares.

Ramos: com a queda das folhas, a doença penetra nos ramos. Com o desenvolvimento da doença, as folhas passam a cair com mais intensidade e o ramo começa a secar.

Flores: quando o ataque chega neste local, as flores começam a ter lesões escuras, ocasionando a queda dos chumbinhos. Assim, os frutos não vingam e a produtividade fica comprometida.

Frutos: podem sofrer o ataque da mancha-de-phoma em todas as fases de desenvolvimento, desde jovens até maduros. Quando atingidos, pontuações negras podem ser percebidas.

Prejuízos causados pelo fungo da phoma

Os prejuízos podem atingir níveis altos, principalmente quando as condições climáticas são favoráveis. De acordo com o especialista, houve casos em que o potencial produtivo de uma quadra diminuiu em 60%.

“Dentro das propriedades, há sempre uma quadra com um microclima mais favorável para o aparecimento de doenças”, comenta.

A níveis gerais, Mosca diz que os danos podem chegar a 15%. Se levar em consideração o bom momento para a cultura, os prejuízos são muito expressivos.

Disseminação da mancha-de-phoma no cafeeiro

O principal fator que contribui para a disseminação da doença são as condições climáticas. Segundo Eduardo Mosca, temperaturas mais amenas, por volta de 18ºC, são essenciais para a proliferação.

Outro ponto importante a ser levado em consideração é a altitude onde estão os pés de cafés. Estudos orientam que cafeeiros acima de 1000 metros estão mais suscetíveis ao aparecimento.

Porém, Eduardo Mosca, destaca que ressalvas. Há áreas atendidas por ele com 850 metros de altitude e com clima propício para a doença. “Trata-se de uma fazenda com clima mais frio e orvalhos constantes nesta época do ano.”

Entretanto, as regiões cafeeiras do Cerrado não possuem tantos desafios com a mancha-de-phoma. Porém, o especialista ressalta que no fim de julho, caso a umidade aumente, tem de se ficar muito atento. Isso porque é o momento que ocorre a pré-florada do café.

Momento ideal para tratar a mancha-de-phoma

Antes de tudo, é importante que o produtor tenha conhecimento da sua área. Ou seja, se no local existe histórico de infestação da doença, condições climáticas e altitudes que favoreçam o surgimento do fungo.

Dessa forma, o tratamento preventivo deve ser realizado. Isso porque, caso a doença atinja as rosetas, os danos serão expressivos.

Além disso, Mosca comenta sobre uma especificidade da cafeicultura que é a lentidão na pulverização mecânica. “Enquanto nas lavouras de soja e milho o maquinário consegue aplicar a 20 km/h, nos cafezais essa velocidade diminui para 6 km/h.”

Ou seja, com a aplicação preventiva, a necessidade de uma pulverização emergencial é mitigada.

Como tratar a phoma?

A recomendação de Eduardo Mosca é sempre optar por rotacionar produtos de diferentes ingredientes ativos para que não se crie uma resistência na lavoura.

Nesse sentido, uma das orientações é que o produtor opte por produtos com ativos dos grupos químicos dos triazóis e das estrobilurinas.

Além disso, ele orienta que a tecnologia de aplicação é de suma importância para o sucesso do tratamento. “Deve-se procurar atingir os chumbinhos e as folhas para que se possa ter um bom controle na lavoura.”

Orientações gerais para evitar a mancha-de-phoma

Em resumo, durante este episódio do podcast Fala, Agro! Você pôde conhecer um pouco mais sobre a mancha-de-phoma e os fungos causadores.

Os sintomas podem ser percebidos em todas as regiões das plantas, desde as folhas, como ramos e frutos. As manchas em tom escuro são os principais sintomas da infestação da doença.

Acima de tudo, a principal orientação é o tratamento preventivo. Por se tratar de uma doença, as pulverizações devem ocorrer antes mesmo do aparecimento dos sintomas.

De acordo com o especialista, o produtor deve se atentar para a rotação de produtos com diferentes ingredientes ativos, para que não cause uma resistência da doença e dificulte o tratamento pelas próximas safras.

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