Um-gigante-em-desenvolvimento

O Brasil é um grande produtor de alimentos e sempre será. Possui terra, clima e vocação, o que possibilita fornecer alimentos para sua população e exportar mais de 100 bilhões de dólares anualmente. O futuro, no entanto, precisa ser discutido. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2050, a população mundial será de 10 bilhões de pessoas e a produção agrícola deverá crescer cerca de 50% para suprir essa demanda.

Em meio à necessidade de aumento da produção de alimentos, são discutidos conflitos territoriais, mudanças climáticas extremas e a evolução das pragas e doenças nas lavouras. São muitos os desafios, mas que com as inovações tecnológicas, as oportunidades se mostram maiores.

Responsável por 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a agricultura brasileira tem alcançado altos níveis de produtividade, dando ao país um destaque mundial como produtor de alimentos. O trabalho contribui significativamente para o desenvolvimento econômico nacional, mesmo em um período conturbado. Em pouco mais de 40 anos, o Brasil aumentou em 86% a área plantada, mas a produção subiu muito mais, 512%. Isso é alta de produtividade, que pode e terá de ser ainda maior no futuro.

As previsões do Ministério da Agricultura, que projetam o setor para a próxima década, indicam, por exemplo, uma alta de 29,4% na produção de grãos, com 259,7 milhões de toneladas, e com uma expansão de 14,8% na área plantada. Os números confirmam o que já se suspeitava: o país se manterá como o maior fornecedor de alimentos do planeta e a atividade no campo será muito mais produtiva do que atualmente. Para o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o cenário positivo para o agronegócio brasileiro se deve a três fatores: terra disponível, recursos humanos e tecnologia. “Nenhuma outra nação do mundo reúne esses três fatores”.

No entanto, cabe aqui uma pergunta decisiva para que este cenário se concretize: o que deve fazer um país que depende muito da agricultura seguir na linha do desenvolvimento?

Mudanças climáticas

Você conhece um especialista em agroclimatologia? Pois esse será um profissional cada vez mais requisitado, afinal, é o responsável por cruzar os estudos da agropecuária com os cenários das mudanças climáticas, para saber em que condições vamos produzir no futuro.

Para acompanhar a instabilidade do clima, especialistas sugerem o uso de ferramentas que diminuam as perdas na lavoura. Saber que vai haver uma geada ou um período prolongado de seca é fundamental no cenário em que vivemos hoje. Serviços de meteorologia e a agricultura de precisão são tecnologias chave para o produtor não ficar refém das adversidades climáticas.

Logística

As previsões indicam aumento na produção agrícola, correto? Mas, como estruturar formas para que tudo isso seja escoado e armazenado? O fato é que o agronegócio brasileiro cresceu muito em um curto espaço de tempo, se destacando como o segundo maior exportador do mundo. Porém, toda a sua infraestrutura logística não acompanhou esse desenvolvimento.

De fato, as várias demandas não surgiram por acaso. No Brasil, o investimento em infraestrutura caiu dos 5,4% do PIB nos anos 1970 para taxas próximas de 2,3% desde os anos 1990. Atualmente, especialistas indicam que seriam necessários 3% só para conter a depreciação, além de aproximadamente R$ 1 trilhão em infraestrutura de transportes até 2030 para se equiparar aos padrões de países como Rússia e Austrália. As constatações são de um estudo do núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Para o presidente da CNA, João Martins da Silva, que esteve no fórum de Logística e Infraestrutura no Agronegócio, realizado no fim de 2017, dentro da porteira o agronegócio brasileiro é capaz de produzir mais e melhor, mas para fora ainda é “um pesadelo”. “As atuais condições logísticas elevam em 25% o valor do frete e no Norte chega a 35%”, afirmou.

Como alternativa, ele cita que os modais mais recomendados, como o ferroviário e o hidroviário, são pouco usados. “Esses modais têm capacidade mais elevada, são menos poluentes e têm custos muito menores”.

Segurança para investir

Mesmo apontando o Brasil como grande país no que diz respeito ao futuro do agronegócio, Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura ressalta que, dentre os muitos desafios que estão por vir, a adoção de uma estratégia nacional, que inclua crédito, seguro e redução do custo Brasil, além de segurança jurídica, comunicação e organização na forma de associativismo e cooperativas é um dos mais importantes.

Atualmente o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Agrícola está aquém da demanda e também sofre pelo contingenciamento de recursos nos últimos anos. Enquanto no Brasil, em 2012, a área segurada não passou de 5,2 milhões de hectares por um capital segurado de R$ 8 bilhões, nos Estados Unidos o seguro cobriu 100 milhões de hectares com um capital segurado de US$ 80 bilhões. “O seguro é essencial para a modernização e fortalecimento do agronegócio”, explica.

Pesquisa e tecnologia

Os avanços tecnológicos estão por toda parte, em todos os setores: drones nas mais diversas atividades, internet cada vez mais rápida e eficiente, melhorias na mobilidade urbana e, no campo, não é diferente. O avanço é notório mas ainda carece de investimento. Quando o assunto é inovação, por exemplo, o Brasil chama a atenção, mas negativamente. Enquanto em nações com grande capacidade de inovar, como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Coreia do Sul, há aproximadamente 10 pesquisadores para cada 100 mil habitantes, no Brasil há cerca de dois pesquisadores para a mesma quantidade de pessoas.

Na contramão deste cenário, algumas empresas, como a Ourofino Agrociência, buscam investir para tornar o setor cada vez mais produtivo, competitivo e sustentável, com base em soluções adaptadas às condições locais. Confira a matéria Desenvolvimento com DNA brasileiro.

Ficou interessado? Quer saber mais?