A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) vem causando muitos danos aos milharais nos últimos anos. Segundo uma recente pesquisa encomendada pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg), nos anos de 2021 e 2022 a presença da praga aumentou 177% no milho safrinha.
O milho é uma das principais culturas do Brasil e, com números de produção cada vez mais expressivos, os prejuízos podem ser cada vez maiores.
Para falar sobre esta praga, seu histórico e orientações para o correto controle, convidamos Juliano Farias. Ele é engenheiro agrônomo, mestre em agronomia e doutor em entomologia, além de ser professor do curso de agronomia da Universidade Regional Integrada no campus de Santo Angelo.
O que causou o aumento de casos da cigarrinha-do-milho?
De acordo com o professor, os surtos de cigarrinha-do-milho anteriormente aconteciam em períodos menores, com cerca de dois anos de duração.
Hoje, por outro lado, este cenário vem mudando e o especialista elenca alguns fatores para o aumento dos casos da praga. O primeiro deles é o crescimento do milho na segunda safra que, aliado ao clima mais quente, propicia o desenvolvimento da cigarrinha.
“A primeira grande questão é a mudança da época de cultivo, com a predominância do milho safrinha e o clima quente”, comenta.
Outro ponto importante levantado pelo especialista é a continuidade do cultivo de milho ao longo de todo o ano. Dessa forma, a cigarrinha-do-milho encontra seu hospedeiro durante todo o tempo.
Outro fator destacado pelo especialista é a grande adoção do milho RR. Grãos com essa tecnologia geram plantas até em momentos e áreas onde o milho não é o cultivo principal, como em lavouras com soja.
Com isso, as plantas de milho remanescentes, além de serem plantas daninhas, tornam-se plantas hospedeiras a praga.
Monitoramento da praga
Um dos principais métodos de monitoramento da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é a utilização das cartelas adesivas. “É uma opção importante, especialmente no pré-plantio para identificar o tamanho da população na região”, complementa Juliano.
Além disso, após a emergência das plantas de milho, os produtores devem ficar atentos aos cartuchos, observando se há a presença da praga nestes locais.
Acima de tudo, o professor destaca a necessidade da busca por informação correta. É importante que os produtores mantenham contato com as lavouras vizinhas para verificar a presença e o nível populacional das regiões próximas.
Dessa forma, a tomada de decisão para o controle da cigarrinha-do-milho se tornará mais assertiva e gerará menos prejuízo aos produtores.
Potencial de danos da cigarrinha-do-milho
O professor Juliano Farias comenta que o ponto mais preocupante da praga é a transmissão de patógenos, que elevam os danos causados às plantas de milho.
“A cigarrinha, por si só, causa baixos danos, se comparados a outras pragas como os percevejos. Por outro lado, com a possibilidade de transmissão de patógenos, os estragos podem ser grandes”, complementa.
Como o inseto transmite doenças, o especialista destaca que o nível ideal de controle é a ausência total da praga na lavoura. Porém, na realidade, ter 100% de controle será dificilmente atingido e, a partir disso, valerá o bom senso.
“Quando consideramos o nível de controle de presença e ausência, pressupomos que todos os insetos estão infectados com doenças, mas nem sempre é a realidade”, comenta o professor.
Além disso, outros fatores influenciarão os níveis de controle, como a época da safra, se é primeira ou segunda, e híbridos mais tolerantes.
Foto: Luiz Felipe Cruz
Como controlar a cigarrinha?
A principal regra quando falamos sobre o controle de cigarrinha-do-milho é a estratégia. É importante ficar atento a quais ferramentas e modos que serão utilizados para manejar a praga.
De acordo com Juliano Farias, é importante ter em mente que o uso de inseticidas deve estar aliado a outras práticas, como a adoção de sementes mais resistentes aos ataques e realização da limpeza das áreas para retirada das plantas de milho remanescentes.
Além disso, o professor comenta sobre a necessidade de realizar o plantio no menor tempo possível, ainda que seja mais difícil de ser realizada. “Assim a emergência ocorre ao mesmo tempo em todas as áreas vizinhas, diluindo a população da praga e diminuindo a pressão por área”.
Já sobre o controle químico, a recomendação é sempre realizar o tratamento de sementes e, posteriormente, as pulverizações.
Quais são as principais pragas do milho?
Apesar do grande aumento da cigarrinha-do-milho nas lavouras, há regiões onde outras pragas são as principais, como o percevejo-barriga-verde (Diceraeus spp.), a lagarta-do-cartucho (spodoptera frugiperda) e os pulgões.
Diferentemente da cigarrinha, Juliano comenta que, para as demais pragas, o controle se dará principalmente de forma química, com os defensivos, e com os biológicos.
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