Distribuição de insumos agropecuários: visão da Andav para o Brasil

por | jun 6, 2022 | Canal Digital, Perfil | 0 Comentários

Presidente da associação que representa o setor de distribuição comenta sobre os desafios e oportunidades do setor

** Data da publicação 07/06/2022

O setor de distribuição é um grande e essencial player da cadeia do agronegócio. É dessa forma que os defensivos agrícolas, fertilizantes, implementos e outros insumos chegam até os produtores. Com as constantes mudanças e evoluções do mercado, é importante que os distribuidores acompanhem este processo e é, justamente isso, que a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) se propõe a fazer.

Dessa forma, Paulo Tiburcio, presidente executivo da Andav, que esteve presente na Convenção Estratégica 2022/23 da Ourofino Agrociência, trouxe um panorama dos associados, os desafios para o ano e as oportunidades para o progresso da agricultura brasileira.

Consolidação dos distribuidores no mercado

De acordo com Tiburcio, os processos de consolidação no setor de distribuição são naturais. Isso porque outros mercados, especialmente no varejo, passaram por esse processo e com este player do agronegócio não seria diferente.

“Observamos que este setor tem gerado grandes recursos e demonstra um crescimento em médio e longo prazo muito alto. De maneira natural, isso contribui para atrair investimentos para o país”, comenta.

Esse movimento, conta Paulo, vem sendo percebido inclusive entre os associados Andav. “Há muito tempo, este associado recebe um processo de gestão muito intenso. Dessa forma, os investidores e fundos de investimento buscam estas empresas pois tem alta garantia e segurança.”

Inclusive, cerca de 40% das empresas que são associadas à Andav possuem investimentos externos e reportam suas ações para os investidores.

Tecnologia a favor do setor de distribuição

O executivo comenta que a tecnologia acompanha o agronegócio há muito tempo. Com isso, destaca que há cerca de 40 anos surgiu a técnica do plantio direto, considerado um grande avanço.

Após isso, outras inovações surgiram, segundo Tiburcio, como o melhoramento genético para a expansão da pecuária e outras técnicas. “Iniciamos o cultivo do algodão e o plantio direto no cerrado. Isso tudo contribuiu para o agronegócio chegar aonde está hoje”, comenta.

Mais recentemente, com os conflitos entre Rússia e Ucrânia, a produção nacional de trigo vem ganhando destaque e despertando o interesse na expansão de área para a triticultura, segundo Paulo. “Esse é um grande exemplo de tecnologia, pois temos variedades adaptadas que se tornaram autossuficientes e é uma das poucas culturas que o Brasil ainda importa.”

Integração de lojas físicas com plataformas digitais

Não é somente no campo que as evoluções tecnológicas são criadas na agricultura brasileira. Além disso, Paulo comenta que o uso das ferramentas digitais já é realidade para a distribuição.

Sobre a associação de lojas físicas com as plataformas digitais, principalmente no mercado de defensivos agrícolas, Tiburcio relata que a alta regulamentação dificulta a expansão dos negócios para os meios digitais, ao passo que os distribuidores de fertilizantes e outros insumos já iniciaram este novo meio com mais facilidade.

Mas, de modo geral, considera que este avanço é positivo e inevitável. “Esse é um modelo muito crescente na agropecuária brasileira hoje.”

Desafios internacionais e seus reflexos internos

O avanço da agricultura local é, sem dúvida, muito benéfico ao país. Segundo o convidado, o que é produzido internamente é capaz de alimentar mais três países com as mesmas proporções brasileiras.

Tudo isso, segundo o presidente, aconteceu de forma acelerada. Por outro lado, os investimentos industriais para desenvolvimento de insumos não seguiram o mesmo ritmo. Isso, segundo o presidente da Andav, tornou o Brasil dependente de outros países, como a China para a importação de ingredientes ativos, em especial para os defensivos.

Neste ano, durante o planejamento da safra 2022/23, os produtores brasileiros souberam que haveria dificuldade no escoamento da matéria-prima para a produção dos defensivos brasileiros. Isso ocorreu devido às medidas da política de contingência da covid-19 na China, que diminuiu consideravelmente as operações dos portos.

“Começamos a analisar o mercado chinês e percebemos que o mundo precisará se planejar para realizar as compras de produtos do país. Esse planejamento, no início da análise, deveria ser anual, mas percebemos que este período deverá ser maior”, diz Paulo.

Conflito entre Rússia e Ucrânia

Sob o ponto de vista dos fertilizantes, outra crise impacta o mercado mundial, que é o conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo o executivo, cerca de 70% da matéria-prima para os fertilizantes é importada, em especial da Rússia e Belarus, que utilizam o mesmo porto para despachar os produtos.

Por outro lado, de ponto positivo, Tiburcio destaca que os navios estão chegando ao Brasil, indicando que o desafio pode ser superado sem grandes prejuízos. “Tudo leva a crer que vamos conseguir solucionar este problema para a safra que se iniciará.”

Além disso, o presidente executivo da Andav destaca que os produtores não devem estocar altos níveis de fertilizantes, pois isso pode gerar um descontrole do mercado interno. Dessa forma, poderão faltar produtos para outros agricultores. “Sigam conforme o planejamento traçado. Vamos ser racionais com o uso para que possamos ter a distribuição correta do volume que o Brasil terá disponível.”

Crescimento do setor de distribuição

De acordo com a última pesquisa realizada pela Andav, as contratações aumentaram no último ano, ao contrário do cenário geral brasileiro do último ano. Isso se deve ao fato de que a agricultura não parou e manteve sua pujança.

“Estamos em um momento que o mundo sinaliza a necessidade de países que alimentem sua população, como o Brasil. Consequentemente, em 2020, nossa pesquisa demonstrou que houve um crescimento de 11% nas contratações no mercado de insumos”, comenta Paulo.

Além disso, outro dado destacado pelo executivo é a perspectiva de aumento das distribuidoras de 2021 até 2023. Segundo ele, 781 novas lojas serão abertas em todo o Brasil. “Esse é um momento em que a agricultura cresce como nunca visto, aproveitando áreas degradadas e aumentando produtividade.”

Sustentabilidade na distribuição

A Andav, como grande representante do setor de insumos agropecuários, tem grande importância para estimular a sustentabilidade do setor. Dessa forma, Paulo Tiburcio comenta que um dos principais objetivos da associação é contribuir para a gestão da agricultura com foco em produzir alimentos saudáveis.

“Estamos focados em contribuir para a produção de produtos sustentáveis, com rastreabilidade e garantia de segurança para consumo”, comenta.

A importância da cadeia de distribuição é que os mais de 2000 associados Andav possuem capilaridade entre os mais diversos níveis de produtores agrícolas. Ou seja, acessam desde os pequenos produtores até os grandes grupos agrícolas.

“Exploramos muito isso para aplicar a nossa gestão, governanças de questões ambientais e sociais. Certamente, esse é o grande troféu da cadeia de distribuição: utilizar a capilaridade para o desenvolvimento da sociedade com responsabilidade social, governamental e ambiental”, finaliza.

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