A cadeia de suprimentos no setor de agroquímicos

por | jan 25, 2021 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Ourofino Agrociência fortalece estrutura para se adaptar as mudanças na cadeia de suprimentos

  ** Data da publicação 22/01/2021 

A cadeia de suprimentos no setor de agroquímicos

por Barbara Mendes - Diretora do Departamento de Procurement | Episódio 21

Principais Destaques

  • Importância da China na cadeia de suprimentos

  • Adaptação frente às mudanças na política ambiental

  • Presença da Ourofino no exterior

  • Garantia de qualidade da matéria-prima

Ícone do player Spotify do podcast Fala, Agro

Spotify

Ouça o podcast fala agro no player toneIn

TuneIn

Ouça o podcast fala agro na player do deezer

Deezer

Ouça o podcast fala agro no podbean

Podbean

Ouça o podcast fala agro no player da apple

Apple

Ouça o podcast fala agro no player da apple

Castbox

Cerca de  90% da matéria-prima utilizada na produção de defensivos agrícolas no Brasil é importada de países como Índia e China, local considerado o epicentro do novo Coronavírus.

Recentemente, o país asiático passou por uma reestruturação na política ambiental, resultando no fechamento de fábricas, mudanças nos processos produtivos e redução da oferta de matéria-prima para o setor de agroquímicos.

No ano passado esse cenário se agravou com o surto do novo coronavírus, que impactou no fluxo de pessoas e mercadorias, acarretando em problemas logísticos nas importações  brasileiras da matéria-prima para o setor de agroquímicos, que depende fortemente do país asiático.

Para se adaptar a essa nova realidade a Ourofino Agrociência reestruturou o departamento de Procurement, responsavél pela gestão dos fornecedores e pelo planejamento estratégico de toda a cadeia de suprimentos. Veja na entrevista com a Diretora do departamento, Barbara Mendes,  as principais mudanças na área e as perspectivas e desafios para a cadeia de suprimentos ao longo de 2021.

Importância da para a cadeia de suprimentos

“A China, hoje, é responsável por cerca 30% do fornecimento de ativos e produtos formulados para o Brasil. É o país que lidera o ranking de fornecimento de produtos, seguido por Estados Unidos e Índia, que é um importante player como fornecedor para o mercado brasileiro de agroquímicos.”

Adaptação frente às mudanças na política ambiental da China

“Quando começaram as alterações nas questões ambientais da China, em 2017, imposto pelo governo chinês, o mercado de agroquímicos teve que se adaptar a essa nova forma de legislação. De modo geral, a cadeia produtiva levou de dois a três anos para se adaptar a essa nova realidade”.

“Hoje temos uma estrutura que suporta essas mudanças, mas a Ourofino Agrociência, nesses dois anos, sofreu com isso, porém ao mesmo tempo tivemos a oportunidade de abrirmos para outros mercados e fornecedores, dessa forma fortalecemos a cadeia de suprimentos de ativos e matérias-primas.”

“Em 2018, o setor de agroquímicos  maneira geral enfrentou, inclusive, escassez de matérias-primas, entretanto, esse período foi também uma época de aprendizado e nos preparou para um futuro de estabilidade, com melhor fornecimento de matérias primas, além de respeitar a legislação do país.”

A presença da Ourofino no exterior

“Nós temos um escritório em Shangai, na China, e um ponto de apoio com a Mitsui, nossa parceira, na Índia. O trabalho, tanto na China como no Brasil, teve que ser readaptado para esse novo cenário. Dessa forma, necessitou-se de uma reestruturação da equipe e , para isso, criamos uma área de sourcing, para estudar e qualificar novos fornecedores para evitar que o fornecimento não fosse interrompido diante do cenário de fechamento das fábricas.”

“Fizemos também  a qualificação de novos fornecedores não só da China, como em diversos outros países, onde estamos abrindo novos relacionamentos para garantir o fornecimento e sustentabilidade.”

“Além da equipe de sourcing, temos a equipe de compras no Brasil que realiza as compras das matérias-primas, pois, a formulação é realizada na nossa fábrica, além da compra de bombonas e embalagens, ou seja, todos os insumos para manter a fábrica em funcionamento.”

“Temos também a equipe de logística internacional que faz com que todas as matérias-primas saiam de seus países de origem, China e Índia, e cheguem ao Brasil dentro do prazo correto, da necessidade de produção e atendimento de clientes.”

“Com isso, tornou-se necessário uma estruturação da gestão de fornecedores, pois, é uma relação que envolve toda a cadeia. Essa equipe é responsável por levar informação aos fornecedores e também trazer informações do exterior para o Brasil. Dessa maneira, temos dados que facilitam a tomada de decisões e ajudam a superar possíveis obstáculos para que não faltem produtos para a nossa equipe comercial e para os nossos clientes.”

“Com toda essa equipe, juntamente com a equipe de inteligência que monitora valores e volume de entrada de produtos no Brasil, estamos realmente focados na melhor qualidade, tanto na questão comercial, quanto no desenvolvimento de produtos pro Brasil.”

Garantia de qualidade das matérias-primas

“Hoje temos uma equipe técnica que faz a negociação, que é composta por engenheiros químicos e pessoas que entendem do processo de síntese dos ativos, que garantem a parte regulatória e a questão da qualidade.”

“Na Ourofino Agrociência, nós desenvolvemos um trabalho multidisciplinar e, com isso, mantemos contato constante e fluxo de informações entre as equipes de controle de qualidade, pesquisa e desenvolvimento e a equipe regulatória. Dessa forma, conseguimos garantir a qualidade, desde a prospecção de um novo fornecedor, que passa por todo o fluxo de qualificação, para que esse fornecedor atenda as questões regulatórias, seja aprovado pelo PD&I e pelo controle de qualidade, até entrar no fluxo de fornecimento da empresa.”

Importância do trabalho junto com a equipe comercial

“Pensamos na cadeia de produção do fim para o início, ou seja, o fornecedor tem o seu tempo de produção do insumo, o tempo do transporte, o desembaraço aduaneiro para que a matéria-prima chegue à fábrica, onde ela tem o planejamento de produção, que também atuamos em conjunto, e também é  feita a ligação da equipe comercial com a parte de suprimentos, para realizar a produção e, por fim, a previsão da equipe comercial.”

“Sem a previsão da equipe comercial o fluxo de processos não acontece, ou seja, é de extrema importância a parceria com o departamento de marketing e comercial.”

“Eu já tive a oportunidade de visitar alguns clientes, levando informação de mercado e explicar a importância da informação e da comunicação. É muito interessante quando conseguimos pegar essas informações do mercado e trabalhamos elas na origem, para que o processo ocorra sem falhas, não falte produtos e chegue no prazo esperado.”

“Quando passamos essa informação para os nossos fornecedores, isso fica mais fácil para a compreensão deles, pois estamos muito distantes da China e Índia. É necessário repassar essas informações para que eles compreendam a necessidade de entregar as matérias-primas na data estipulada para que a Ourofino Agrociência consiga produzir e entregar o produto.”

Principais desafios da cadeia de suprimentos para 2021

“O novo coronavírus começou na China e veio impactando o mundo em ondas e para nós isso ainda não acabou. Todos nós temos esperança, mas trabalhamos com o presente, e, hoje, o cenário ainda é muito complicado para a cadeia de suprimentos no setor de agroquímicos.”

“A partir de outubro de 2020 nós começamos a sentir os impactos do novo coronavírus, pois, até aquela época o mundo estava parado e sem um alto consumo. A partir de outubro, quando as empresas voltaram e começaram as movimentações econômicas, os estoques foram consumidos e necessitou-se a reposição desses estoques, porém o mundo não estava preparado para essa alta demanda.”

“Hoje temos falta de matéria-prima básica, como madeira para pallets, papelão e polietileno para as bombonas. Nós temos contratos com os nossos fornecedores, porém entendemos a dificuldade deles. Sem o pallet nós não conseguimos terminar a operação e sem as bombonas nós não conseguimos envazar os produtos.”

“Estamos trabalhando junto com os nossos fornecedores, é uma parceira, porque o fornecedor também traz essas informações. Isso é um problema da cadeia como um todo. A China também passa pelos mesmos problemas, pois falta matéria-prima básica para produzir o intermediário e o ativo.”

“Temos também o problema da variação cambial, que é um problema de ordem econômica do Brasil que interfere diretamente nos nossos negócios, pois todos os nossos ativos são importados. Nós precisamos comprar os produtos em dólar, importamos a matéria-prima e fazemos a nacionalização. De um dia para o outro nós sentimos o impacto da moeda e isso é algo fora do nosso controle.”

“O ano de 2021, sob o meu ponto de vista, ainda será um ano de dificuldades com relação ao fornecimento de matérias-primas para cadeia produtiva de agroquímicos como um todo. As matérias-primas nacionais também dependem de insumos importados, dessa forma os impactos vêm em forma de aumento, e o dólar reflete isso. A grande produção e até a falta de matéria-prima ocasionam esses aumentos. Estamos tentando negociar, mas está muito difícil até para os nossos fornecedores.”

“É muito importante entendermos tanto o ponto de vista do cliente, como o do fornecedor, para que, juntos, sigamos nessa melhoria contínua em benefício do nosso cliente que necessita do produto na melhor condição e qualidade.”