Ácaro da leprose do citrus: saiba como realizar o manejo nas lavouras

por | mar 22, 2022 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Além de ser o vetor de uma das principais doenças do citrus, o ácaro da leprose também pode causar danos diretos as plantas infestadas

** Data da publicação 25/03/2022

Ácaro da leprose: como realizar o manejo nas lavouras de café e citrus

por José Rodolfo - Desenvolvimento de Mercado Ourofino Agrociência | Episódio 34

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Um dos principais desafios nas culturas de citrus e café que o agricultor brasileiro deve lidar é presença dos ácaros, o qual pode causar danos que levam a perdas consideráveis na produtividade.

Dentre todas as espécies, o mais comum é o ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis), que transmite a doença leprose e, entre diversos danos, pode causar a queda prematura dos frutos.

Para falar sobre esse assunto, convidamos José Rodolfo, engenheiro agrônomo e atuante na área de desenvolvimento de mercado da Ourofino Agrociência. O especialista destaca os principais danos, períodos de infestação, dicas de manejo e ainda trouxe mais informações sobre o Esteio ®, o novo acaricida da companhia de origem brasileira para as culturas de citrus e café.

Conheça o ácaro da leprose: histórico da praga

Um dos grandes desafios enfrentados pela citricultura brasileira é a proliferação do ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis). Essa praga é o vetor de uma das principais doenças da citricultura, a leprose, que é provocada pelo vírus Citrus leprosis (CiLV), e que atinge regiões tropicais e subtropicais das Américas. No Brasil, o ácaro da leprose foi identificado pela primeira vez em 1933 e se manifesta nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Ceará e Pernambuco.

O ácaro da leprose é considerado uma praga-chave no cultivo das culturas de café e laranja em razão dos danos causados à produção, gerando perdas e atingindo a vitalidade das árvores.

Essa praga atinge os cafezais desde a safra 1991/1992, quando foi descoberto como uma nova ameaça ao plantio. Na cafeicultura, essa praga está presente nas principais regiões produtoras do grão, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Paraná. Os maiores prejuízos ao café são os danos à estrutura e vitalidade da planta, além da queda prematura das folhas e frutos e a seca de ramos.

De acordo com o especialista, essa praga tem se tornado cada vez mais comum. “Isso ocorre por dois problemas, o primeiro é a queda na qualidade do monitoramento e também as poucas ferramentas de manejo químico.”

José Rodolfo orienta que o pico das infestações ocorrem nas épocas quentes e secas, portanto, é neste momento em que o produtor deve reforçar o monitoramento.

Principais características do ácaro da leprose

O ácaro da leprose se caracteriza por um corpo achatado, com duas setas sensoriais e quatro pares de pernas.  Ele possui coloração alaranjada, com manchas escuras que variam conforme a temperatura, alimentação e idade da praga. As fêmeas medem aproximadamente 0,30 mm de comprimento por 0,16 mm de largura. Os machos, que representam 1% da população, são um pouco menores e têm a extremidade posterior do corpo mais afilada.

Como identificar o ácaro da leprose?

1. Corpo achatado, com duas setas sensoriais e quatro pares de pernas;

2. Coloração alaranjada e manchas escuras;

3. As fêmeas medem 0,30 mm de comprimento por 0,16 mm de largura.

O ciclo de vida do ácaro da leprose varia de acordo com as condições climáticas. Em torno de 17 dias em períodos de calor e até 35 dias em temperaturas baixas. Sua reprodução concede quatro estágios ativos (larva, protoninfa, deutoninfa e adulto) e outros quatro imóveis ou quiescentes (ovo, protocrisálida, deutocrisálida e teliocrisálida).

Os ovos apresentam coloração alaranjada com consistência mole e bastante adesiva. Em poucos minutos exposto ao ar, o ovo passa para o estágio larval, tornando-se firme e brilhante. Posteriormente, iniciam-se os estágios de ninfa que dão origem aos adultos.

A reprodução do ácaro-da-leprose (Brevipalpus phoenicis) em sua maioria ocorre por partenogenese telítoca, onde fêmeas não fecundadas darão origem a apenas fêmeas. O ácaro se faz presente o ano todo nos cultivos, com picos populacionais em épocas de menor fluxo pluviométrico.

Quais os danos causados pelo ácaro da leprose?

O ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis) é um conhecido de longa data de produtores de citrus e café. Isso porque a praga causa grandes danos nas duas culturas. No café, há outros inimigos mais preocupantes, porém, a atenção para evitar o descontrole desta praga é muito importante para não causar danos acentuados também nessa cultura.

No citrus, o ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis) é conhecido por causar lesões na planta, possibilitando a queda dos frutos. Além disso, as árvores atacadas têm a vida útil reduzida. “O principal problema causado é o abortamento de frutos, onde a planta não consegue gerar novos frutos e consequentemente o produtor não consegue colher e assim gerar renda”, aponta José.

Os sintomas da leprose podem ser identificados pelas manchas amarelas nas folhas, lesões nos ramos e manchas também nos frutos.

Segundo o especialista da Ourofino Agrociência, o produtor deve se atentar ainda mais no período de clima seco e quente.

De acordo com a Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura, na safra 2020/2021, a leprose causou a queda prematura de aproximadamente seis milhões de caixas.

Na cafeicultura, o ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis) causa lesões nos frutos de formas irregulares, começando pela cor marrom claro e atingindo tons mais escuros, quando demais fungos passam a atacar a planta através da lesão.

Nas folhas, os sintomas podem ser identificados de algumas formas, com lesões em formato de pontos com coloração amarelada, lesões em forma de anéis também de cor amarela ou até mesmo com manchas irregulares seguindo a nervura das folhas.

Com todas essas lesões, a desfolha ocorre de forma acentuada, diminuindo a capacidade de fotossíntese das plantas e assim causando a queda de produtividade da planta.

Estratégias para o controle do ácaro da leprose

A principal medida para identificar a existência do ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis) na citricultura e assim tomar a decisão necessária é o monitoramento. Porém, segundo informações da Fundecitrus, é muito comum realizar a amostragem de forma incorreta, acarretando em erros de até 70%.

Na amostragem, o produtor e os inspetores devem verificar os frutos internos das plantas e que estejam maduros ou com verrugose. Após isso, a análise deve ser realizada com uma lupa. Toda inspeção deve vistoriar de três a cinco frutos por plantas e abranger pelo menos 1% do total de plantas do pomar.

Caso os talhões apresentem 10% ou mais de frutos infestados pelo ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis), o controle químico deve ser iniciado a fim de evitar maiores danos, segundo José Rodolfo.

Conheça a nova solução da Ourofino Agrociência para o manejo de ácaros

Para contribuir com o manejo de ácaros, a Ourofino destaca o Esteio ®, novo produto da companhia desenvolvido para o controle de ácaros nas culturas de citrus, café e tomate. O produto é capaz de quebrar o ciclo de vida das principais espécies com apenas uma aplicação.

O especialista ainda destaca: “O Esteio ® veio para trazer segurança e tranquilidade ao produtor.”

O principal atributo do Esteio ® destacado pelo agrônomo é a seletividade: “O produto pode ser aplicado em toda a lavoura, pois ele não agride os inimigos naturais.”

Além disso, o Esteio ® possui diversos benefícios, como a baixa solubilidade em água e ação ovicida, que evita o aparecimento de novos ácaros. Inclusive, o acaricida possui forte ação lipofílica, o que permite uma melhor interação do produto com a camada cerosa da folha, possibilitando melhor distribuição do produto sobre a planta.

José Rodolfo ainda salienta que o acaricida é indicado para todas as fases de desenvolvimento da praga, ovo, ninfa, larva e adulto.

Este novo lançamento chega em um momento importante para a companhia, que investe parte significativa do seu orçamento em inovações pensando sempre no progresso da agricultura nacional. Somente no exercício de 2021/2022, seis produtos foram lançados e há ainda a previsão de outras novidades neste e nos próximos anos.

Brasil é líder mundial em produção e exportação de citrus

A liderança mundial em produção e exportação fica com o Brasil. Cerca de 80% da produção mundial da cultura se concentra em terras brasileiras. Segundo o Fundecitrus, a safra 2021/2022 deve atingir 294,17 milhões de caixas em uma área de 346 mil hectares, resultando em uma produtividade de 850 caixas por hectare.

As expectativas de produtividade da safra atual representam um aumento de 15,33% sobre os dados consolidados da safra 2020/2021, que totalizaram 737 caixas por hectare.

Confira os números do mercado de café no Brasil

A vocação do Brasil para a agricultura é reconhecida internacionalmente. De todas as culturas produzidas no país, o café e o citrus têm grande destaque e influência, tanto no mercado nacional como no mundial. Porém, é importante sempre buscar novas estratégias e soluções para manter a grande produtividade do país.

O café não possui origem no Brasil, mas encontrou aqui o local ideal para se desenvolver e assim tornou-se fonte de renda para diversos trabalhadores há mais de 200 anos. Segundo dados do quarto levantamento da safra de 2021 da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento, mesmo em bienalidade negativa, a produção de café em 2021 chegou a 47.716 mil sacas beneficiadas.

A bienalidade negativa é um fator biológico, após uma safra de alta produtividade, a planta de café diminui seu ritmo para se reestabelecer, gerando menos frutos, e assim voltar a produzir em níveis maiores no próximo ciclo.

O café arábica foi a principal variedade produzida, sendo colhidos 31.423,5 mil sacas, cerca de 65% da produção total. O conilon, por sua vez, representou 34,4%, com 16.292,5 mil sacas.

No cenário das exportações, de janeiro a novembro do ano passado, cerca de 38,4 milhões de sacas partiram para o exterior, representando cerca de US$ 5,6 bilhões. O Brasil mantém essa importante marca há mais de 150 anos e é responsável, sozinho, por 30% da produção mundial, segundo a Conab.