Saiba como realizar o manejo outonal no período de entressafra

por | jul 30, 2020 | Canal Digital, Conteúdo Técnico, Destaques | 0 Comentários

Técnica auxilia o controle de plantas daninhas e reduz perdas de produtividade por matocompetição

Principais Destaques

 

Manejo outonal x manejo entressafra;

Plantas daninhas de difícil controle;

Quando iniciar o manejo outonal;

Como substituir o Paraquate;

Rotação dos mecanismos de ação no manejo outonal;

Plantio no “limpo”;

Benefícios do uso de herbicidas pré-emergentes.

O manejo outonal é uma prática importante para o controle de plantas daninhas, ela é realizada quando ocorre um intervalo de tempo maior entre a colheita de uma cultura e a semeadura da cultura subsequente.

A principal estratégia do manejo outonal é o uso de herbicidas pós-emergentes de ação residual para evitar a infestação de plantas daninhas que competem por água e nutrientes com a cultura, prejudicando assim a produtividade da lavoura.

Diferença entre manejo outonal e manejo entressafra

“Qualquer manejo que o agricultor realiza entre a colheita de uma cultura e a semeadura de outra cultura é denominado manejo entressafra. Na década de 80, após a colheita da safra de verão, os produtores realizavam o manejo das áreas que ficavam no pousio, portanto, essa prática ficou conhecida como manejo outonal.  Ou seja, o manejo realizado entre a colheita da safra de verão e o plantio das culturas de inverno”.

“É importante ressaltar que existe uma diferença entre essas nomenclaturas. O manejo entressafra é aquele manejo realizado mais próximo do plantio, já o manejo outonal é um manejo mais prolongado. Nesse caso, são utilizados herbicidas residuais”. 

Principais espécies de plantas daninhas de difícil controle

“No milho safrinha, cultura que está instalada em boa parte do país,  as principais plantas resistentes são a buva  (Conyza spp.)e o capim-amargoso (Digitaria insularis), porém, já estamos tendo problemas com caruru (Amaranthus spp.) e capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)com resistência ao glifosato. Porém, é importante ressaltar que a buva e o capim-amargoso continuam sendo o principal foco”.

“Com relação as plantas tolerantes, ou seja, ervas de difícil controle, temos um aumento expressivo da trapoeraba (Commelina benghalensis), erva quente (Spermacoce latifolia) erva de Santa Luzia (Euphorbia hirta)e a vassoura-de-botão (Commelina erecta), que são muito identificadas no cerrado, de difícil controle e, portanto, devem ser manejadas nessa entressafra.

“Essas plantas daninhas devem ser manejadas entre a colheita do milho safrinha e o plantio da soja na região Centro-Oeste, entretanto, na região sul, esse manejo também pode ser feito após a colheita da soja, pois, há um intervalo maior entre a colheita da soja e o plantio do trigo”.

Principais plantas daninhas no manejo outonal

 

Nome popular

Nome científico

Solução para o manejo

buva, voadeira, rabo-de-foguete e margaridinha-do-campo Conyza spp Templo ®, PonteiroBR ® e Fluente ®
capim-amargoso, capim-açu, capim-pororó e capim-flexa Digitaria insularis Diox ®
caruru, caruru rasteiro e bredo Amaranthus deflexus  Velpar K ®, AclamadoBR ®, DemolidorBR ®, Fluente ®, Templo ® e Diox ®
capim-pé-de-galinha ou capim-de-pomar Eleusine indica  Advance ®, AclamadoBR ® e Templo ®
trapoeraba, rabo-de-cachorro, andaca e maria mole Commelia benghalensis PonteiroBR®, Advance ®, AclamadoBR®, Templo ® e Fluente ®

Quando iniciar o manejo outonal?

“Nas áreas de milho safrinha esse manejo deve ser feito após a colheita, independente da região. Após a colheita, o agricultor deve esperar uma semana para abaixar a palhada e então iniciar o manejo. Se a ação for atrasada, as plantas daninhas irão crescer e dificultar o controle, exigindo maior número de aplicações de produtos”.

Dicas para a estratégia do manejo outonal

“Para realizar o controle eficiente da maioria das plantas daninhas a principal estratégia é a aplicação sequencial . A primeira delas deve ser feita uma semana após a colheita do milho safrinha, associando o glifosato e um inibidor de ACCase ou um oxínico, com isso, você realiza o controle inicial e agrega um herbicida que tem efeito residual”.

“Após 10 ou 15 dias o agricultor deve realizar a segunda aplicação, eliminando ação as plantas daninhas. Dessa maneira, a aplicação seqüencial é fundamental para o manejo eficiente dessas ervas invasoras. Nesse contexto, a escolha dos herbicidas é fundamental para evitar o surgimento de espécies resistentes ou tolerantes”.

“Na região de São Paulo, por exemplo, a buva (Conyza spp.) não está sendo controlada pelo 2-4-D, com isso, o o oxinico tem que ser diferente para aumentar a eficácia do controle. Sendo assim, é importante analisar na região se há casos de resistências”. 

Qual a importância de rotacionar os mecanismos de ação no manejo de plantas daninhas?

” A única chance de manter o sistema agrícola equilibrado é através da rotação dos mecanismos de ação. Esse problema já ocoreeu algumas vezes, como por exemplo, com os herbicidas inibidores ALS, glifosato e, mais recentemente, com os inibidores de ACCase”.

“Ou seja, somente através da alternância de  herbicidas com mecanismos de ação diferenciados somado ao uso de herbicidas pré-emergentes é que será possível manter a situação sob controle”. 

“Quando pensamos o em plantas daninhas tolerantes ou resistentes o principal objetivo é evitar plantas grandes dentro da lavoura. Quanto maior for a planta mais difícil será o manejo. Ou seja, rotacionar os mecanismos de ação é fundamental para o manejo eficiente de plantas daninhas”.

Como substituir o Paraquate?

 Nota:

Com base na RDC Nº 177 de 21 de setembro de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, estabeleceu o prazo de 20 de setembro de 2020 para o banimento dos produtos à base de Paraquate, como parte da conclusão do processo de reavaliação do uso do ingrediente ativo no país.

 “Não é fácil substituir essa tecnologia. Apesar de em algumas regiões o Paraquate não está apresentando a mesma eficiência para controle da buva, essa solução é muito importante para manejo de capim-amargoso e vassoura-de-botão.

“Uma das alternativas para substituir o Paraquate é o glifosato com protox e glifosinato de amônia mais parceiro, que poderia ser o protox. Então dentro dessa combinação nós conseguimos substituir relativamente bem o Paraquate.

Qual a importância de plantar a cultura no “limpo”?

 “A semeadura de uma cultura em uma área com uma cobertura vegetal pode prejudicar o desenvolvimento da lavoura. Isso ocorre, pois, a vegetação de cobertura ainda não foi dessecada e, portanto, as plantas daninhas não foram eliminadas. Com isso, as plantas daninhas irão provocar um sombreamento na cultura que está emergindo, ocasionando problemas por competição de nutrientes e, consequentemente, queda de produtividade.

 “Uma das soluções para evitar esse problema é realizar a dessecação e esperar que a cobertura vegetal esteja totalmente seca e rente ao chão. Uma outra opção é o uso de produtos com dessecação acelerada. Quanto mais acelerada for a dessecação, melhor serão as condições para o desenvolvimento inicial da cultura.

Importância dos herbicidas pré-emergentes

“Um dos pontos que os agricultores podem enfrentar é a reinfestação das plantas daninhas após o plantio da cultura. Quanto mais cedo a planta daninha emergir, maios a chance dela prejudicar a cultura através da interferência”.

“A presença do mato junto com a cultura é problema certo de produtividade e queda de qualidade do produto. Nesse contexto, os pré-emergentes auxiliam o desenvolvimento da cultura no “limpo”, sem a interferência das plantas daninhas. Quanto mais tarde a planta daninha emergir, menor será o dano à lavoura. Ou seja, o pré-emergente preserva a produtividade da lavoura, facilita o trabalho do pós-emergente, aumenta a possibilidade de reduzir o número de aplicações de pós-emergente e auxilia o manejo de plantas tolerantes e resistentes”.

Benefícios dos herbicidas pré-emergentes no manejo outonal

 

  • Preserva a produtividade da lavoura;

  • Facilita o trabalho do herbicida pós-emergente ;

  • Aumenta a possibilidade de reduzir o número de aplicações;

  • Auxilia no manejo de plantas daninhas tolerantes ou resistentes.