No segundo episódio do podcast Fala, Agro! vamos debater a realidade do setor de distribuição de insumos em meio a pandemia do novo coronavírus
Impacto do coronavírus no setor de distribuição de insumos
O avanço da COVID-19 pelo território brasileiro tem impactado diversos setores da economia, entre eles o agronegócio. Na área de distribuição de insumos os segmentos de frutas, hortaliças e flores tem sido os mais afetados.
Para minimizar os prejuízos causados pelo novo coronavírus a Associação Nacional de Distribuição de Insumos (ANDAV), enviou um ofício ao Ministério da Agricultura propondo medidas econômicas e tributárias para manter a Distribuição de Insumos Agropecuários em pleno funcionamento frente à crise provocada pelo avanço da COVID-19 no Brasil.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista realizada com o Presidente Executivo da ANDAV, Paulo Tiburcio, sobre as ações realizadas pela associação durante esse período de pandemia.
Proposta da ANDAV para o Ministério da Agricultura
No dia 1º de abril, a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Agropecuários (ANDAV) enviou um ofício para a ministra Tereza Cristina propondo medidas econômicas e tributárias para manter a Distribuição de Insumos Agropecuários em pleno funcionamento frente à crise provocada pelo avanço da COVID-19 no Brasil.
Entre as propostas está a antecipação da aprovação do Plano Safra 2020/2021 para o mês de maio de 2020 e a sanção da Medida Provisória 897/2019 (Crédito Rural), sem ressalvas e vetos, considerando que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal.
Outra medida econômica defendida pela ANDAV é a criação de Linhas de Crédito específicas junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o reforço no Capital de Giro das empresas. Desta forma, o financiamento não será interrompido aos produtores rurais, considerando fundamental a inclusão dos Distribuidores de Insumos nos benefícios de recursos equalizados pelo Governo Federal e que essas condições estejam contempladas no MCR – Manual de Crédito Rural, normatizado pelo Banco Central do Brasil.
“Desde o início dessa crise a ANDAV tem trabalhado junto aos órgãos Estaduais e Federais para manter o funcionamento dos distribuidores dentro das exigências sanitárias da Organização Mundial da Saúde. O objetivo é que o setro siga com as atividades, respeitando as normas estabelecidas pelos órgãos responsáveis”afirma o Presidente Executivo da ANDAV, Paulo Tiburcio.
A entidade conseguiu postergar a taxação do ICSM, o que segundo o Paulo será fundamental para a sustentabilidade ecoômica do setor “Hoje, além de ofertar tecnologias, serviços e produtos, os distribuidores muitas vezes ajudam a financiar a operação. A suspensão temporária da cobrança desse tributo vai ajudar no fluxo de caixa das empresas” completa Paulo.
Outro ponto importante é a criação e linhas de créditos específicas e com juros baixo, através do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) para que o agricultor siga trabalhando.
Custos de Produção
Nos três primeiros meses de 2020 o preço do dólar subiu mais de 30% e ultrapassou a marca de R$5,00. A disparada na cotação da moeda americana impacta diretamente no custo de produção do setor de distribuição, uma vez que grande parte da matéria-prima dos produtos é importada da China e India.
Embora esse ponto chame a atenção do setor, Paulo faz uma ressalva “existem sim uma preocupação, mas se pegarmos a linha de cereais, que engloba grande parte do mercado brasileiro, você consegue compensar isso com o valor de venda na exportação” pondera o executivo.
Ele ainda acrescenta “o mercado brasileiro roda fortemente nos meses de maio e junho, as demandas se intensificam no mês de agosto e esse mercado roda até novembro que é quando nós temos a grande safra brasileira. Como o dólar teve uma reação antes desse período é possível a cadeia como um todo se preparar para isso, pior seria se esse aumento do dólar nos pegasse no meio de uma grande demanda”.
Logística
A logística é um fator muito importante para o setor de distribuição de insumos, neste momento, a entidade afirma que não há problemas no escoamento de produtos. “O único problema de transporte que tivemos foi quando alguns municípios mantiveram as revendas fechadas e isso hoje já não exite mais, felizmente, as lojas estão abertas” afirma Paulo Tiburcio.
O presidente ainda acrescenta ” a nível interno não temos nenhum sinal de que logística será afetada, inclusive, o INPEV, que é responsável pelo recolhimento das embalagens vazias, nesse período de pandemia ele aumentou em 34% sua demanda. Ou seja, existe caminhão para fazer o processo”.
A situação é vista com grande alívio para o setor que chegou a temer pela entrega das mercadorias no início da crise, quando o cenário chegou a ficar incerto por alguns dias.