A dinâmica dos herbicidas no ambiente palha solo

por | nov 12, 2020 | Canal Digital, Podcast | 0 Comentários

Estratégia de manejo  deve considerar a integração da palha, cultura e produto

A dinâmica dos herbicidas no ambiente palha solo

por Edvaldo Vellini - Professor da UNESP | Episódio 19

Principais Destaques

 

  • Características do sistema produtivo brasileiro

  • Desafios e oportunidades no ambiente palha-solo

  • Estratégias de manejo

  • Principais plantas daninhas de difícil controle

  • Importância das formulações encapsuladas

  • Processo de desenvolvimento do Kaivana 360 CS

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O sistema produtivo brasileiro apresenta características únicas como presença de palha no solo, sucessão de culturas anuais e variações de condições edafoclimáticas.

Esses fatores podem comprometer a eficácia da performance no controle de plantas daninhas, obrigando o agricultor a fazer uma segunda aplicação, elevando os custos de produção. Neste sentido, é importante compreender a dinâmicas dos herbicidas neste ambiente e as formulações adequadas para melhorar o processo de passagem do herbicida pela palha.

No episódio 19 do podcast Fala, Agro! conversamos com o professor da UNESP de Botucatu/SP, Edvaldo Vellini, que acumula mais de 25 anos de experiência em estudos no ambiente palha solo.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

Características do sistema produtivo brasileiro

“O Brasil apresenta características únicas e que diferem de países de clima temperado. Entre elas podemos citar o uso intenso do solo com culturas que crescem ao longo de 360 anos, como a cana-de-açúcar.”

“O Brasil apresenta também sistemas produtivos com sucessões de culturais anuais. A regra hoje é trabalhar com mais de uma safra por ano sem o uso de irrigação. Com isso, precisamos realizar um controle eficiente de plantas daninhas e, ao mesmo tempo, garantir que esse sistema não seja contaminado para termos condições plenas de produção da cultura seguinte”.

“Neste sentido, precisamos trabalhar conjuntamente eficácia e sustentabilidade. Não podemos nos esquecer que as plantas daninhas são muito parecidas com as plantas cultivadas. Então, além de eficácia temos de ter seletividade”.

“A comunidade de plantas daninhas é diversificada, rústica e oportunista”.

Desafios e oportunidades do ambiente palha-solo

“A palha é um agente de controle de plantas daninhas, principalmente as de sementes pequenas. Antes, as aplicações de herbicidas eram realizadas sob o solo hoje elas são feitas sob a palha”.

“Se por um lado a palha ajuda a controlar as plantas daninhas, por outro, ela é um ambiente desfavorável a permanência de herbicidas. Primeiro porque, muitas vezes, a palha ainda é folha que absorve o produto e dificulta o encaminhamento ao solo. Segundo porque a palha é um isolante térmico e na superfície da palha a temperatura é mais elevada em relação ao solo, na ordem de 20 graus a diferença. Isso intensifica perdas por volatilização e também a fotólise”.

“A palha é uma característica única do sistema produtivo brasileiro, ela protege o solo contra erosão e reduz perda de água. Ela resulta do não preparo do solo, o que reduz o tempo no plantio que é fundamental para a segunda safra. Entretanto, a palha demanda o desenvolvimento de tecnologias para conviver com ela, principalmente em termos de aplicação de herbicidas”.

“As soluções nacionais precisam ser localmente desenvolvidas e específicas para o sistema produtivo brasileiro para racionalizar as aplicações e garantir a eficiência, segurança e sustentabilidade em todos os aspectos”.

Dicas para elaboração das estratégias de manejo de plantas daninhas

“O principal método de controle de plantas daninhas é a cultura, o segundo é a palha e o terceiro é os herbicidas. As melhores estratégias de controle são aquelas fundamentadas no conhecimento, como integrar palha, cultura e herbicida. Como utilizar o herbicida sem perder a eficácia devido a palha”.

“O agricultor deve utilizar o conhecimento. Em muitas culturas a etapa mais barata do processo de construção de recomendações é a presença de um consultor. Um profissional que conheça os sistemas de produção e a realidade do produtor em termos de uso e aplicação”.

“Seletividade é algo que pode ser construído, manejando dose, épocas e formas de aplicação de um produto”.

“No manejo de plantas daninhas é importante considerar a cultura, palha e produto, mas tudo isso deve ser solidificado pelo conhecimento”.

 Principais plantas daninhas de difícil controle

“Na cana-de-açúcar existe uma preocupação muito grande com o controle de gramíneas, como o capim-colchão, braquiárias e também com plantas dicotiledôneas. O uso de misturas e associações de herbicidas é muito comum para cobrir todo o espectro de controle”.

“Neste sentido, devemos ter graminicidas seletivos para a cana, pois, as plantas daninhas gramíneas são muito parecidas com as plantas cultivadas”.

“O clomazone na formulação encapsulada é um produto de bastante segurança para a cana porque reduz a absorção foliar e aumenta a segurança para essa cultura”.

“Nas culturas anuais as plantas daninhas tolerantes aos herbicidas merecem destaque, podemos citar as poaias e as trapoerabas. As plantas daninhas gramíneas resistentes aos herbicidas, como exemplo o como o capim-amargoso, dificultam o manejo, pois, muitos genótipos são resistentes ao glifosato e a graminicidas em pós emergência”.

“Com isso, é importante dispor de um produto que possa auxiliar o controle em pré emergência”.

Importância das formulações encapsuladas

“As formulações encapsuladas são a formação de uma nova era. A primeira vantagem é que para alguns produtos como o clomazone é possível evitar o uso de solventes no processo de fabricação. Reduzindo o nível toxicológico da formulação e com mais segurança no processo fabril”.

 “A segunda vantagem é a redução da volatilidade, proporcionado mais produto no alvo com a mesma quantidade aplicada, melhorando assim a eficácia”.

 “As formulações encapsuladas melhoram a passagem do produto pela palha. As cápsulas são persistentes na folha e na palha, porém, elas se rompem rapidamente no solo. As formulações encapsuladas permanecem na superfícies da palha aguardando a chuva e a água arrasta essas cápsulas para o solo”.

“A ação dos herbicidas é sempre no solo, mesmo quando aplicado na palha. Por isso, é preciso maximizar a passagem do produto da palha para o solo. As formulações encapsuladas dobram a quantidade de produto que chegam até o solo”.

 “As formulações encapsuladas melhoram a persistência do herbicida na palha, possibilitam a liberação controlada no solo, com isso, é possível aumentar o residual sem aumentar a dose”.

Processo de desenvolvimento do Kaivana 360 CS

“A formulação foi desenhada pensando nas características do sistema produtivo brasileiro, discutimos dinâmica em palha, resistência à volatilização, aumento da segurança para culturas vizinhas). Os benefícios foram construídos desde a fase inicial”.

“ A formulação do Kaivana 360 CS foi obtida a partir de quase 40 protótipos, todos eles foram avaliados até que fossem combinados um conjunto de características positivas”.